O contraste entre as imponentes arribas e as planícies costeiras

A ilha de São Jorge possui um conjunto extraordinário de valores naturais, ambientais e paisagísticos a nível regional, nacional e internacional. Apresenta um número significativo e importante de espécies endémicas, quer de fauna, quer de flora, divididos por vários grupos de organismos, nomeadamente mamíferos (1), aves (9), moluscos (25), artrópodes (89), plantas vasculares (56) e briófitos (4), sendo que a larga maioria destas espécies possui estatuto de conservação a nível local, nacional ou internacional.
Pela sua imponência no território, destaca-se Monumento Natural da Ponta dos Rosais. Por toda a biodiversidade que compreende, acaba por ser muito relevante para a valorização da ilha enquanto destino turístico daqueles que procuram locais recônditos e pouco explorados que contam com um conjunto impressionante de espécies, habitats e outros locais de interesse. Este local, que possui cerca de 170 hectares e que tem como altitude máxima 376 metros, acolhe uma diversidade impressionante de espécies de flora e fauna, destacando-se um grande número de aves marinhas nidificantes. Entre as aves marinhas que nidificam neste Monumento Natural, destacam-se espécies como o garajau-rosado (Sterna dougallii), o garajau-comum (Sterna hirundo), o frulho (Puffinus Ilherminieri baroli) e o cagarro (Calonectris borealis). Já no que toca à flora, é possível observar espécies protegidas e endémicas, como o prado de labaça-das-ilhas (Rumex azoricus), que só forma comunidades em escassos locais, a urze (Erica azorica), a não-me-esqueças (Myosotis maritima) e o bracel-da-rocha (Festuca petraea).
As fajãs constituem, evidentemente, um património extremamente importante, em termos paisagísticos, culturais e até mesmo identitários do povo jorgense, pelo que, muitas delas, foram incluídas nas zonas núcleo da Reserva da Biosfera e foram determinantes para a sua aprovação. As fajãs de São Jorge constituem um modelo único de ocupação do espaço que resultou numa forma típica de povoamento, associando socalcos ao aproveitamento de todas as superfícies planas disponíveis e a um tipo de arquitetura bastante funcional, aspetos que contribuem para o seu tipicismo.

A Igreja de Santa Bárbara, que se encontra localizada na freguesia das Manadas, no concelho de Velas, representa uma grande referência a nível do património religioso de São Jorge. Esta igreja foi erguida no século XVII e foi classificada, em 1950, como Imóvel de Interesse Público (Decreto nº 37 728, DG, 1.ª série, n.º 04 de 05 janeiro 1950). Possui, no seu interior, uma capela-mor, onde constam seis painéis de azulejo que narram a vida de Santa Bárbara e pinturas representativas de episódios e personagens bíblicas.
O Museu Francisco Lacerda, na Calheta, tem como missão o estudo, o reconhecimento, a preservação e a divulgação do património jorgense e da sua comunidade. A par desta instituição, o Museu de Arte Sacra de São Jorge também contribui para o reconhecimento destes valores culturais, nomeadamente para a valorização do património eclesiástico regional. Este espaço museológico, cujos trabalhos se desenvolveram a partir das aquisições de arte sacra do Padre Manuel Garcia Silveira (antigo pároco de Velas e fundador deste museu), apresenta um conjunto muito importante de valiosas alfaias litúrgicas, imagens sacras, esculturas e fotografias datadas entre os séculos XVI e XX, encontra-se dependente da Igreja Matriz de Velas.
A par das festividades religiosas, destacam-se a Semana Cultural das Velas e o Festival de julho, organizado anualmente pelo município da Calheta, dois eventos marcam a agenda cultural da ilha de São Jorge todos os anos. Ambas as iniciativas oferecem um cartaz cultural com exposições, palestras, cortejos etnográficos, música popular e animação noturna, contando, por isso, com uma adesão muito significativa por parte da população local, a que se junta alguns residentes de ilhas vizinhas, inclusive.